segunda-feira, 2 de abril de 2018

VELHO GAÚCHO

VELHO GAÚCHO

Fogão a lenha, chaleira no fogo,

Um guaipeca e o chimarrão;

Um mate amargo esquenta o peito,

Matando a sede da ilusão.

Sem muita pressa ajeita a bomba,

Esmigalha o fumo em sua mão;

Num talagaço sorve ligeiro,

A sua canha sem o limão.

Nesta cidade lembra do pago,

A sua terra, sua alegria;

Ouve canções num velho radio,

Suspira triste em nostalgia.

Velho gauderio longe da lida,

Em terra estranha, longe do pago;

Mais uma cuia de erva buena,

Mais um palheiro e mais um trago.

Depois descansa o pensamento,

Finge encilhar o seu cavalo;

E um sonho lindo surge na mente,

Vê pela frente o seu passado.

Aquela terra que lá deixou,

Pra se embretar nesta cidade;

A onde vive acoerado,

Agauderiado com a saudade.

   *J.L.BORGES

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