VELHO GAÚCHO
Fogão a lenha, chaleira no fogo,
Um guaipeca e o chimarrão;
Um mate amargo esquenta o peito,
Matando a sede da ilusão.
Sem muita pressa ajeita a bomba,
Esmigalha o fumo em sua mão;
Num talagaço sorve ligeiro,
A sua canha sem o limão.
Nesta cidade lembra do pago,
A sua terra, sua alegria;
Ouve canções num velho radio,
Suspira triste em nostalgia.
Velho gauderio longe da lida,
Em terra estranha, longe do pago;
Mais uma cuia de erva buena,
Mais um palheiro e mais um trago.
Depois descansa o pensamento,
Finge encilhar o seu cavalo;
E um sonho lindo surge na mente,
Vê pela frente o seu passado.
Aquela terra que lá deixou,
Pra se embretar nesta cidade;
A onde vive acoerado,
Agauderiado com a saudade.
*J.L.BORGES
Nenhum comentário:
Postar um comentário