VOZES NA VENTANIA
O vento sopra tenuemente,
Na varanda sem fim,
Que resta em meu peito.
O vento silencioso parece,
Um longo papa fila,
A rastejar neste sinuoso caminho.
O vento beija sem pudor,
A legendária estrada sem historia,
Perdida no mapa anil da esperança.
A noite ainda não chegou,
Para povoar de sonhos;
Este coração sem aspiração,
Sem vontade de ficar aqui.
A magia toma conta do vento leve,
Que sopra solto por ai,
Sem vontade de chegar.
Um dia ele soprou no meu ouvido,
Que beijou todas as moças;
Desde a terra do fogo,
Até a ilha Ellesmere.
O vento me contou que viu uma virgem,
Sendo estuprada no Port Elizabeth,
E outra se prostituindo no litoral de Kara,
Fingi não acreditar nele, pois era noite.
Num dia de ventania fiquei triste derepente,
Pois não andei nas ruas que nunca andei...
Um dia me deu uma vontade,
De sorrateiramente pegar o mundo,
Que está nesta estante artificial,
E o colorir de norte a sul,
Do meu pais tão sem juízo.
*J.L.BORGES
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