SEM SABER
Eu sou dono de mim mesmo,
Tal qual uma madeira morta;
Talvez eu nunca bata a porta,
De mim que ficou no ermo.
Pois sou caçador de mim,
Querendo caçar tatu;
Pobre animal que assim,
Finge a todos que é zebu.
Eu sou dono do meu corpo,
Sou lanterninha do cinema;
Me conforto no desconforto,
Que até me dá mil penas.
No paraíso sou Adão,
Lobisomem a uivar;
Dona deste coração,
Homem que não sabe amar.
*J.L.BORGES
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