CARCEREIRO
Trago chaves de prisão e liberdade,
Mas nunca em meu corpo frágil;
Sou lento, traiçoeiro, ágil,
Sou dócil, eu sou maldade.
Vejo grades a minha volta,
Distante das velhas ruas
Pôster de mulheres nuas,
Me agitam e me revoltam.
Minha voz trás ilusão,
Papo de anjo do inferno;
Sem primaveras, só invernos,
Sem outonos e sem verão
A vida aqui mal passa,
Tudo anda devagar;
Vem cá detento, a vidraça,
Tu ainda irás limpar.
Pois não me importa os berreiros,
Não dou moleja a ninguém
Não me importo com alguém,
Que é preso, sou carcereiro...
*J.L.BORGES
Nenhum comentário:
Postar um comentário